EM: 05/08/13 - 03:26

O efeito surpreendente do toque.
Antes de pensarmos na necessidade do toque e afago, sem “sexo”, é
importante compreendermos um pouco sobre o valor da nossa pele. Phyllis
K. Davis, em seu livro “O poder do Toque”, escreveu:
“Pobres dos milhões de seres humanos que dariam tudo para ter o que
um gato ou um cachorro de estimação recebem no que se refere ao amor e
contatos físicos – ainda que por um dia. É irônico que, em nosso
ambiente, os animais desfrutem mais daquilo do que nós, como seres
humanos, tanto precisamos. Não que os animais não necessitem de contato
físico. A diferença está no fato de que estes, ao contrário de nós,
tocam muito mais nas suas crias e uns aos outros. Enquanto, por exemplo ,
os animais lambem e acariciam seus filhotes quando estes se machucam,
os pais dizem simplesmente aos filhos: ‘Não chore, não foi nada’,
fazendo-lhes um curativo em seguida.”
Sempre que falamos em tato, estamos falando de pele. Podemos comparar
a pele que nos cobre com um envelope gigante. É um órgão que recebe
impressões táteis, ou sensoriais, e reage a qualquer contato com
sensações específicas. Os receptores da pele reagem ao calor, ao frio,
ao toque, à coceira, a cócegas e a varios tipos de dores e vibrações. A
pele é o maior órgão de nosso corpo; compreende de 15 a 20% de nosso
peso corporal. O corpo humano médio apresenta 1,67 metro quadrado de
pele pontilhada por aproximadamente 5 milhões de minúsculos terminais
nervosos que atuam como transmissores de sensações.
A pele é o nosso órgão mais importante em seguida vem o cérebro. As
áreas relativas ao tato no cérebro cobrem uma área surpreendentemente
grande, tanto na região sensorial quanto na motora. Os lábios, a língua,
o rosto, o polegar, os dedos e as mãos ocupam uma quantidade
desproporcional de espaço cerebral, seguidos de perto pelos pés. Se você
roçar a ponta dos dedos nos lábios, passar as mãos pelo nariz e rosto e
lamber os lábios com a língua, você estimulará as áreas mais sensíveis
de seu corpo. O sentido do tato prevalece muito em nossos dedos e mãos.
É através da nossa pele que nos envolvemos com freqüência com o mundo
exterior. O interessante é que a pele constitui-se numa saída simbólica
para os problemas emocionais íntimos, para as emoções reprimidas. Há
mais de cem anos, acredita-se que a pele é uma voz para os problemas
emocionais íntimos. Foram os médicos franceses Brocq e Jacquet que
criaram, em 1891, o termo, “neurodermatite” para definir as inflamações
de pele resultantes de perturbações emocionais.
O dermatologista Robert Gieshmer descobriu, após estudar 5 mil
pacientes, que em muitos casos as emoções são, sem dúvida, a causa de
vários tipos de distúrbios. Especificamente, 27% dos quistos e 36% dos
resfriados e dos herpes-zosteres foram provocados por problemas
emocionais latentes; psoríases, 62%; urticárias, 68%; eczemas, de 56% a
70%; coceiras, 86%; verrugas, 95%; coçaduras graves e subsequente
rompimento da pele, 98% ; enquanto 100% das sudoreses tinham causa
psicológica.
A pele, numa tentativa de socorrer os problemas psicológicos das
pessoas, produz sintomas, a fim de chamar a atenção para esse grito
interior de libertação.
É pelo sentido do tato que nossa pele recebe impressões sensoriais e
reage a qualquer contato. A sensação do tato ocorre em conseqüência do
mínimo contato, ativa os terminais nervosos apropriados, que
retransmitem mensagens sensoriais ao longo da coluna vertebral para o
cérebro. A experiência mais precoce, mais elementar e, provavelmente,
mais dominante do bebê, ao nascer, é a tátil.
O senso de humanidade associa-se ao contato físico no instante de nosso nascimento e continua ao longo da vida.
“Contato físico, ou estimulação tátil, embora receba pouca atenção,
comparada aos nossos outros sentidos e modos de expressão, ainda é a
nossa forma de comunicação mais básica, e nós, subconscientemente,
sabemos disso”.
O contato físico em si não é um acontecimento emocional, mas seus
níveis sensoriais provocam alterações neurais, glandulares, musculares e
mentais que chamamos de emoções. É importante entender este conceito
porque na infância relacionamos emoções e significados, via contato
físico. Se experimentamos afeto e envolvimento, por meio do contato
físico, este passará a nos significar afeto e envolvimento. Representará
também segurança. Sentimos, amamos e odiamos, tocamos e somos tocados
por intermédio das células do tato em nossa pele.
“Quanto mais usamos nosso sentido do tato, mais ele se desenvolve.
Até os ratinhos, quando tocados e acariciados, crescem, aprendem e vivem
mais do que os companheiros desprezados”.
O toque e a expressão da sexualidade, sem o ato sexual.
Infelizmente, a maioria dos homens insiste em pensar no contato
físico apenas como um gatilho sexual. Muitos casais vivem um
relacionamento, mais parecido com um “arranjo”, onde apesar do apego
entre a vagina e o pênis, os conjuges vivem como trilhos numa estrada de
ferro: sempre juntos, mas nunca se tocando.
O psiquiatra Marc Holender defende o conceito de que algumas mulheres
anseiam muito mais por serem abraçadas do que pelo ato sexual, podendo
até trocar o sexo pelo aconchego e conseqüente sensação de segurança. O
contato corporal, segundo Holender, “normalmente causa a sensação de ser
amado, de estar protegido e confortado, e a necessidade ou odesejo por
ele pode ser afetada pela depressão, pela ansiedade e pela raiva.
Certamente, é freqüente ocorrer um período de atividade sexual frenética
em momentos de necessidade emocional intensa”.
O simples contato entre peles pode ser tranquilizador. As mulheres
talvez anseiem mais por tocar e estar com uma outra pessoa do que pelo
alívio da tensão sexual. Para muitas delas, um simples abraço
proporciona segurança, proteção, conforto e amor. Penso que muitos
homens, além do seu problema de ego e de sua tendência a relacionar
contato físico com sexo, simplesmente não sabem tocar. Não compreendem
as técnicas do tocar e do aconchegar sua esposa. Acredito ser necessário
que os homens aprendam o quanto é importante o tocar a mulher sem
estar, necessariamente, pensando em praticar o ato sexual. Esse
comportamento demonstraria maturidade.
O contato físico não deve ser um serviço, mas simuma troca de emoções
íntimas entre duas pessoas que se amam e se valorizam.Trata-se de uma
forma de comunicação, não um serviço, nem uma técnica. Só o contato
físico pode eliminar a distância entre duas pessoas, neutralizar a
solidão da vida dentro da nossa própria pele e estabelecer um vínculo
entre duas mentes, dois corações e dois corpos.
No início do século 19, mais da metade das crianças morriam durante o
primeiro ano de vida devido ao marasmo, doença cujo nome deriva da
palavra grega que significa “definhar”. Há menos de 50 anos, nos Estados
Unidos, a mortalidade entre crianças menores de 1 ano abrigadas em
orfanatos era de quase 100%. Naquela época, o método corrente para a
criação de filhos baseava-se nos conselhos publicados pelo Dr. Holt em
1894, no livro Os Cuidados com as Crianças e Sua Alimentação. Eis
algumas das recomendações do médico: eliminar o berço, não pegar o bebê
quando chorar, alimentar apenas nas horas certas e evitar “estragá-lo”,
manuseando-o apenas quando necessário, para higiene e alimentação.
Quase todo mundo já ouviu falar do método TLC, abreviatura de Tender
Loving Care, literalmente “amor, carinho e ternura”. A revolucionária
idéia do TLC chegou ao Estados Unidos por intermédio de Fritz Talbot, um
médico de Boston que, antes da primeira guerra mundial, estudou os
procedimentos utilizados numa clínica infantil na Alemanha. Na clínica
havia uma mulher velha, gorda e desajeitada, chamada Anna, que parecia
não fazer nada além de carregar bebês para cima e para baixo. O fato é
que com isso ela literalmente salvava a vida de muitas crianças.
Mas foi só após a Segunda Guerra Mundial que se realizaram estudos
referentes à causa do marasmo, ou morte infantil inexplicada, e se
relacionou a doença à falta de contato físico. As taxas de mortalidade
infantil caíram de maneira impressionante nas instituições em que o
método TLC passou a ser utilizado. Uma criança, para sobreviver e se
desenvolver saudavelmente, precisa ser carregada, aconchegada,
acariciada e “mimada”, precisamente o tratamento dado pela velha Anna.
Este método, de forma alguma trata a criança com tirania. Muito pelo
contrario, lhe satisfaz uma necessidade básica dos primeiros anos de
vida.
Fonte: VERDADEGOSPEL.COM