Eles
confiam mais em sim mesmos, em Deus e na família do que no governo,
acham que os políticos em quem votaram não os representam, estão ainda
mais insatisfeitos com os serviços públicos e, claro, se mobilizam pelas
redes sociais.
Esse é o perfil dos brasileiros que têm
entre 18 e 30, de acordo com uma pesquisa denominada ‘O novo poder
jovem’, do instituto Data Popular e divulgada nesta sexta-feira (21). O
levantamento foi feito dias antes de as cidades brasileiras se tornarem
palco de grandes protestos, iniciados justamente por essa faixa etária,
que representa mais de 42 milhões de eleitores ou 33% do total.
‘O que estamos vendo nas ruas tem a ver
com essa grande crise de representatividade pela qual os jovens
brasileiros estão passando. Pelo que vimos na pesquisa, ele têm a
sensação de que não estão – ou no caso, não estavam – sendo ouvidos’,
afirma Renato Meirelles, presidente do Data Popular.
De acordo com o levantamento, dos 1.502 jovens ouvidos, 75% disseram não confiar nos parlamentares e 59%, na Justiça.
Maior exigência
Ao serem questionados sobre a avaliação
que faziam do Poder Executivo, a prefeitura recebeu a pior nota (5 em
uma escala de 10), seguida do governo estadual (5,26) e a Presidência
(6,94).
O fato de o poder municipal receber a
avaliação mais baixa demonstra, segundo Meirelles, que a juventude quer
que o político no qual votaram esteja mais presente no seu dia a dia, a
começar para os problemas mais preeminentes de sua cidade.
Entre os fatores pesquisados está a
qualidade dos transportes, que recebeu nota 4,08 entre jovens de
capitais e regiões metropolitanas e 5,15 entre os das cidades do
interior.
Esse setor deve, segundo Meirelles, ser
analisado à parte porque é um serviço pago, diferentemente de saúde e
educação, em que temos hospitais e escolas públicas.
‘O Brasil viveu muitos anos de
predominância de trabalho informal, em que o cidadão pagava apenas
impostos indiretos, ou seja, embutidos no valor dos produtos’, afirma.
‘Só agora, em um estágio de maior número
de empregos formais, o brasileiro passa a ter o imposto retido na fonte e
sente o leão no bolso. E então para de ver os serviços como um favor do
Estado. Passa a vê-los como uma obrigação – e exige uma eficiência
maior, especialmente os do serviço pagos, como os ônibus.’
Protagonismo
Em um aspecto mais comportamental, a
pesquisa mostra ainda que o jovem de hoje confia mais em si mesmo do que
no Estado para garantir seu futuro. Entre os ouvidos, 53% dizem que o
próprio esforço é o principal fator que contribuiu para sua vida
melhorar, enquanto que o governo foi citado por apenas 2% dos
entrevistados – Deus por 31% e família por 11%.
‘Há um anseio de assumir para si essa
insatisfação, de ser protagonista da própria história, mas fazendo isso
por meio das urnas’, afirma o pesquisador, citando que 65% dos ouvidos
disseram acreditar que podem melhorar a política brasileira por meio do
voto.
A pesquisa também mostra um fator que foi crucial na atual onda de manifestações: o poder das mídias sociais.
De cada 10 jovens ouvidos, 7 tinha contas
no Facebook, Twitter ou outras redes sociais. ‘Elas são a base orgânica
de mobilização hoje. Ocupam o papel que antes era ocupado pelos
sindicatos, centros acadêmicos etc. E isso cria uma outra mudança: em
vez de serem deflagradas por essas instituições, agora essas
mobilizações se dão por causas, como o aumento das tarifas de ônibus’.
Fonte: G1 - FONTE DA FONTE: VERDADEGOSPEL.COM
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