Em: 24 de julho de 2010 - Por: Klauber Cristofen Pires
Com a reportagem
levada ao ar na noite de domingo, dia 18/07/2010, mais uma vez a Rede
Globo dá aquela forcinha para as intenções do governo, desta vez para
subtrair mais uma fatia do pátrio-poder dos pais e mães.
Para
isto, utiliza-se dos requintes dos recursos da comunicação, de tal
forma a repassar uma opinião pré-formada como se fosse uma isenta
polêmica. Dona Rede Globo, por favor, depois não me venha reclamar do
governo que lhe quer impor a censura e cortar contratos de publicidade,
ok? Só para lembrar, na Venezuela não existe mais este negócio de tevê
livre.
No
Brasil, as pessoas estão de tal forma entregues ao discurso cínico e
dissimulado que mal conseguem distinguir o objeto do debate. Eis o
objetivo cumprido.
Para
o leitor mais desatento entender como se produz uma opinião deveras
tendenciosa, assaz melíflua, perceba como, no decorrer do programa,
várias chamadas foram feitas para convidar o telespectador a um debate
ou polêmica, que, na verdade, inexiste.
Do
lado dos que se colocam a favor da palmada, a reportagem mostra apenas
um único homem, na condição de cidadão comum, a afirmar que uma
palmadinha, de leve, sem significar espancamento, não faz mal. As duas
outras pessoas que ilustram o lado dos pais que “dão palmadinhas” já são
de antemão tratadas na matéria como vilãs da reportagem e uma delas já
se confessa criminosa: “Hoje, se ela tiver um filho e quiser dar
palmadas, eu não vou deixar”, garante Leidice Cabral, mãe da jovem.
Já
para o lado dos favoráveis à lei, a reportagem dá ampla voz a toda
sorte de “especialistas”: ouve um conselheiro tutelar, a subsecretária
nacional de direitos da criança e do adolescente e uma psicóloga.
Quem
acompanhou a campanha do plebiscito sobre a proibição do comércio das
armas de fogo — aquela em que cerca de 70% da população se manifestou
contrária à proibição — teve a chance de perceber que o lado vencedor —
talvez pela primeira vez em nossa história — logrou-se bem-sucedido tão
somente por apontar a falácia do discurso governista e dizer ao público
exatamente o que ele precisava ouvir, isto é, se você, como cidadão,
aceitaria abrir mão de se auto-defender, caso achasse necessário.
Portanto,
ser ou não contra a palmada, o puxão de orelhas ou o beliscão, está a
léguas de distância do verdadeiro debate sobre o assunto, que a
reportagem do fantástico fez questão de camuflar, apenas tangenciando, e
mesmo assim de uma forma absolutamente pró-governo, para não parecer
que completamente “se esqueceu”: “A criança acha que meu pai pode me
bater, porque é meu pai e tem o direito. Não tem o direito de bater”,
aponta o conselheiro tutelar Heber Boscoli.
Eu
quero perguntar a você, leitor, que responda com honestidade: você acha
certo trocar a educação que você quer dar ao seu filho pela educação do
governo? Você quer ser multado, preso ou “reeducado” se for denunciado
por repreender o seu filho pela sua birra no supermercado ou shopping
center?
Só
para lembrar, veja este trecho da reportagem: “Pelo projeto, atitudes
para punir ou disciplinar não podem machucar nem causar nenhum tipo de
dor. Crianças e adolescentes também não podem ser humilhados nem
ameaçados”. Isto significa que, se um estranho - qualquer pessoa — achar
que você está “ameaçando” ou “humilhando”, você poderá ser denunciado.
Então pergunto: você aceita que o seu juízo seja trocado por qualquer
pessoa, mesmo que seja um agente da lei?
Agora,
perceba a sutileza da Sra. Carmen Oliveira, subsecretária nacional de
Direitos da Criança e do Adolescente: “A nossa preocupação é com
palmadas reiteradas ou a palmada que vai à surra e que vai ao
espancamento, que vai agravando a conduta de violência”. Ué, o projeto
diz que é proibido qualquer beliscão ou palmadinha, e mesmo a mera
ameaça (ameaça do quê?) ou humilhação (repreender em público é
humilhar?), ou tipifica a conduta apenas contra as reiteradas palmadas
ou a palmada que vai à surra e ao espancamento? Observe como o governo
quer — mais uma vez — vender gato por lebre.
Constate
como anda o respeito, a responsabilidade, o estudo e a disciplina nas
escolas públicas! por acaso, lá estão faltando os “educadores”? Ora, em
nenhuma instituição há uma rede tão ampla de pedagogos, psicólogos,
mestres e doutores, desde os que criam as tais diretrizes, nas cadeiras
mais altas dos ministérios e secretarias estaduais e municipais, até os
professores encarregados de multiplicar seus métodos.
Caro
leitor, se você acha que a educação que o governo pretende impor ao seu
filho é moralmente mais valiosa e acertada que a sua, pare de sofrer:
jogue sua ninhada na Febem e vá curtir a sua vida! Ficar cultivando cãs,
pra quê?
Fonte: Mídia Sem Máscara
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